quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Guardião Desconhecido - Parte VIII

Chovia torrencialmente. Todos se apressavam a atravessar o átrio da escola para chegarem ás salas o mais secos possível, contudo no meio de tal pressa ninguém reparou num pequeno rapaz caído, no chão, completamente encharcado. Le Jo olhou para ele, e apesar de não o conhecer aproximou-se para o ajudar. O rapaz encontrava-se de rosto coberto e voltado para baixo. Le Jo aproximou-se e perguntou:
- Precisas de ajuda?
A cabeça do pequeno rapaz rodou lentamente na direcção de Le Jo e uns olhos vermelho-sangue apareceram. A face era disforme e a voz gutural.
- Preciso de ti! - disse a criatura, sorrindo maleficamente.
Le Jo soltou um grito de morte e nesse preciso instante passaram por Ricastin muitas das suas antigas memórias de "Guerreiro" e percebeu o que se estava a passar. Ricastin correu em direcção ao local onde sabia que tinha acabado de ocorrer uma tragédia.
Ricastin nunca pensou ser capaz de correr tão rápido, quer dizer, após o enorme flash que tinha acabado de ter sabia que era capaz de muito mais e sem grande esforço, contudo o que o esperava era demasiado aterrador. O corpo de Le Jo encontrava-se inerte, sem cor, gelado de olhos muito abertos, mas vazios, ainda com a sua expressão final de terror na face.
Ricastin afastou as pessoas que rodeavam o corpo e ajoelho-se junto do corpo. No meio de toda a chuva, uma lágrima deslizou pela face dele e caiu no Rosto de Le Jo. De súbto uma enorme luz brilhou no local onde a lágrima havia caído, um sentimento de paz assolou todos os que ali se encontravam. O brilhou aumentou bruscamente, cegando todos menos Ricastin. Uma espada toda de uma prata cujo o brilho não possui descrição possível encontrava-se na frente dos olhos de Ricastin. Do núcleo da espada saiu uma esfera vermelho-sangue, "O Testemunho", murmurou Ricastin olhando com um enorme brilho nos olhos a esfera flutuante.
Tudo agora fazia sentido, a sua memória voltara, a espada, o testemunho e a luz tudo ali se encontrava, mas... a dor voltou quando Ricastin percebeu que corpo ali se encontrava, era um preço demasiado elevado a pagar para poder voltar ao que era. Ele lutou durante eras ao lado dela, protegendo-a sempre e completando o seu fado, mas agora... O escolhido fora derrotado antes de voltar e o guardião não o pode evitar. Agora teria que impedir a hecatombe sozinho. A esperança desvanecia-se...

De súbito, o corpo de Le Jo começa-se a desvanecer em luz, em direcção ao céu. A missão para a qual Ricastin tinha sido criado terminara. Agora nada prendia, sabia que o seu destino seria morrer a tentar salvar a escumalha que o seu Criador tanto adora. Sentia-se revoltado, mas voltou a ser o guerreiro sem medo dos tempos passados. Já não era O Guardião, pois o seu tesouro fora roubado... Era apenas um soldado por abater numa guerra sem vitória possível, mas não vai abandonar o campo de batalha enquanto não o deitarem por terra.
Levantou-se de espada em punho e olhar severo,e subitamente desaparece, aparecendo junto ao lago do seu último sonho.
- Já te esperávamos! - disse uma voz gutural, sorrindo maleficamente, a qual Ricastin identificou de imediato. Era Saitha, a terceira pior coisa que se poderia esperar encontrar um General do Mal.
- Demasiado apressado para uma última batalha, não? - retorquiu Ricastin em tom de ironia.
Saitha riu-se.
-Ambos sabemos de quem será esta batalha a derradeira!
- Tanta tentativa para libertar a criatura e simplesmente aniquilam a chave! Não pensavam que a chave fosse um mero objecto guardado por ela? Pois... ELA era a chave - a cólera assolava Ricastin - E vocês simplesmente destruíram o que vos poderia libertar a tão desejada criatura! - Ricastin tentava colocar-se em posição favorável, desmotivando os adversários, mas a sua mágoa era demasiado notória, era uma perda demasiado pesada.
Saitha riu-se novamente, mas agora de forma mais sonora.
- Não pensaste que nós não tínhamos pensado nisso? não? Se não tens a chave que tal partires a fechadura?
- Mas a única coisa capaz de quebrar a protecção...
- SIM! É a espada do Escolhido! - Disse Saitha sorrindo abundantemente e apontando para o corpo da criatura que matara Le Jo.
O corpo contorcia-se, parecia estar nos seus últimos fôlegos, mas segurava uma espada dourada imensamente reluzente, o brilho dos brilhos, a beleza das belezas, nas mãos.
Ricastin sentiu o seu coração a cair-lhe aos pés.
- Sabes bem que se voltas a usar a espada é ultima coisa que fazes Cols! Por favor dá-me essa espada! - Tentou desesperadamente Ricastin.
- Morrerei eu sei - disse Cols Skernh - mas tu também não sobreviverás nem nenhum querido humano teu! Sei que qualquer de nós que use esta espada não tem retorno, mas terei o gozo de ser eu a dar-lhe o derradeiro uso! - terminou em tremendo sofrimento, pois sabia que não ira aguentar muito mais.
O lago borbulhou. Algo se passava. O momento aproximava-se...

Sem comentários:

Enviar um comentário