quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Guardião Desconhecido - Parte X

Toda a área estava a ferver, as rochas que não tinham derretido estavam brilhantes devido às altas temperaturas a que se encontravam, havendo pequenos poços de lava fervilhante ao longo do terreno.
Ricastin encontrava-se com uma ira estranha nos olhos, capaz de dizimar qualquer ser vivo apenas com o olhar, mas nem isso demovia o poderoso Leviathan, que quase parecia alheio à destruição que acabara de acontecer, mas batalhava constantemente para se libertar daquele lago e poder mostrar a sua própria destruição e tal parecia bastante próximo de acontecer. O vortéx enfraquecera as forças que o mantinham preso.
Ricastin acalmou. Pressentiu o que estava para acontecer. Sabia que se o Leviathan se libertasse, apenas o seu Criador o poderia travar. Não conhecia outro poder capaz de o travar. Tinha de agir rápido. Foi então que Ricastin reparou num brilho peculiar que se destacava no meio da rocha fluida. Era a espada de Le Jo, intacta como se nada tivesse passado por ela.
Ricastin avançou na direcção da espada, mas ao aperceber-se o Leviathan começou a expelir jorros de fogo pela boca, numa tentativa de o impedir. Devia estar a pressentir algo, pois parou de se tentar libertar por instantes, mas o fogo que expelia parecia não surtir qualquer efeito em Ricastin.
Ricastin pegou na espada de Le Jo com uma das mãos enquanto segurava a sua na outra. Sentiu algo na espada, como se a essência de Le Jo estivesse nela. Ambas as espadas estremeceram e fugiram das mãos de Ricastin sem este as conseguir segurar. Uma luz brilhou entre as espadas e a esfera contida na espada de Ricastin mergulhou na luz, tornando a luz vermelho vivo da cor da esfera. A luz e o Testemunho fundiram-se. A luz vermelha assumiu a forma de uma cabeça de Leão enquanto ambas as espadas se aproximavam da luz...e.... subitamente os 3 objectos fundiram-se num só emanando uma luz intensa que envolveu Ricastin e, pela primeira vez, algo pareceu cegar o Leviathan.
A luz acalmou. Ricastin apareceu no meio dela de tronco nu, com o seu corpo a emanar uma luz intensa quase como se de uma estátua de bronze se tratasse e com uma nova espada nas mãos de uma tonalidade entre o dourado e o prateado, emanando um brilho que tornava quase impossível olhá-la directamente, pelo menos para uma criatura normal. E no seu núcleo encontrava-se um disco vermelho brilhante com a face de um Leão a rugir gravada.
A postura de Ricastin mudara. Estava sério e sereno. Sabia agora o que fazer.
Aproximou-se da margem do lago e agitou a espada uma única vez.
A água do lago que, devido as forças que prendiam o Leviathan, sobreviveu ao vortex, começou a rodopiar em círculos à volta do Leviathan e começou a formar uma cúpula em volta deste.
Após a cúpula estar formada, Ricastin cravou a espada numa rocha que emergiu das águas do lago e subitamente ocorreu uma explosão que expeliu toda a água do lago. Juntamente como outros materiais circundantes, foi uma enorme onda de energia.
Já estava. O Leviathan havia sido libertado, ficando assim em controlo de todos os seus poderes, graças aos quais pode falar a língua dos homens, dizendo o seguinte a Ricastin, num estado de surpresa, mas de satisfação, com uma voz grotesca e cavernal:
- Hahaha! Tens noção do que vai acontecer graças a me teres libertado? Acabaste de assinar a morte deste mísero planeta!
- Se eu fosse a ti não tinha tanta certeza! - retorquiu Ricastin, sem alterar a sua postura pesada.
- HAHAHA! - deu o Leviathan uma enorme gargalhada - Apenas o teu criador me pode deter e quando ele chegar já será um pouco tarde. E acho que te vou deixar assistir a toda a destruição e apenas acabo contigo no final. Afinal de contas libertaste-me! hahaha.
- Tens razã0 libertei-te. Mas não me parece que vá assistir a qualquer destruição causada por ti.
- Desculpa, mas mesmo tendo sido tu a libertar-me não me parece que vá poupar os teus humanos queridos ou este planeta mesquinho. - Ironizou o Leviathan.
- Não de pedi nada. - Respondeu Ricastin, mostrando um ligeiro sorriso agora no rosto! - Simplesmente não viverás mais para causar qualquer destruição.
- Como assim? Tu não possuis poder para me causar qualquer dano! Viste que o teu vortex não surtiu qualquer efeito em mim. E usaste quase toda a tua força nele. E como disse o teu Criador ainda demora a chegar. - respondeu o Leviathan, mostrando agora algum receio.
- Será mesmo preciso o meu Criador? Nunca ouviste dizer que por vezes o discípulo atinge o nível do mestre em certos pontos?
- Não neste caso, precisarias de ser um Deus, para me causar qualquer dano!
- E quem disse que não sou?
Mal acabou de proferir estas palavras, Ricastin saltou na direcção do Leviathan. Este ainda lhe lançou alguns ataques mágicos, mas todos sem efeito.
A sua espada encheu-se de um brilho vermelho vivo e emanou um raio, o qual assumiu a forma de um Leão e, num único gesto, cortou o Leviathan em duas partes simétricas. Ouviu-se um gemido do enorme dragão. O seu último. As duas partes do seu corpo começaram a arder e tudo se transformou em cinzas.
Toda a área estava completamente destruída. Rochas derretidas, lagos de lava, o lago completamente seco, não existia qualquer forma de vida num raio de muitos quilómetros, apenas rocha destruída a fumegar.
Ricastin viu toda a destruição e subiu a voar consideravelmente alto de forma a abranger toda a área afectada com o olhar. Então abriu a sua mão e um brilho caiu lentamente dela. O brilho explodiu e espalhou-se por toda a área.
Tudo ficara verdejante e cheio de vida. Melhor que anteriormente.
Ricastin sentia-se bem, mas não conseguia descobrir onde se encontrava. Precisava de voltar à sua vida normal de humano, pois apesar de ser o que era, era agora um humano normal aos olhos dos outros.
Subitamente, Ricastin sentiu-se a ser sugado por algo. Tudo ficou desfocado. Estava de volta ao recinto da escola onde estivera com o corpo de Le Jo.
Algo estava ainda por resolver...

1 comentário:

  1. impossível não adorar, impossível não querer devorar cada parte deste conto. espero por mais.

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